Massificação Escolar e Empregabilidade de Ambos os Cônjuges: Evolução Social ou Uma das Causas da Regressão da Sociedade Pós-Moderna?

1. Ciclo Vicioso:

1.1. A Escola de Massas foi uma das condições que possibilitaram a Empregabilidade simultânea dos casais do nosso tempo, pois ao receber as crianças no seu seio, as escolas acabaram por libertar a mulher do cuidado dos filhos ao longo do dia e permitir a sua inclusão no mundo do trabalho.

1.2. Por sua vez o trabalho a tempo inteiro de Mãe e Pai obriga a uma cada vez mais exaustiva permanência das crianças na escola tendo estas de permanecer em actividades ao longo de quase todo o dia (Escola + AEC’s + ATL’s) até que os pais os possam ir buscar, estando durante todo este tempo entregues a actividades planeadas sem oportunidade de escolha ou decisão.

1.3. Assim sendo existe cada vez mais uma substituição do papel de principal educador que se vai transferindo dos Pais para a Escola.

2. Negatividade do Sistema Actual:

2.1. Como professor, sou um defensor da Escola de Massas, defendendo que só com uma educação de qualidade é que um povo pode evoluir no sentido de uma sociedade mais justa e equilibrada. No entanto penso que a escola actual não evoluiu com o crescente número de estudantes, e não está preparada para o papel de “Educador”, do ponto de vista da formação de carácter, tendo mesmo dificuldade no seu papel de transmissão de conhecimentos, por diversas causa das quais destaco uma incapacidade de lidar com a divergência em tão grande escala (modelo demasiado unificador).

2.2. A exaustão parental após o período laboral leva a que os pais não tenham paciência para satisfazer a atenção exigida pelos filhos e isto, aliado ao pouco tempo que pais e filhos passam juntos, leva os primeiros a uma duplicidade de acções que são prejudiciais à formação humana das crianças: Abandono (normalmente em frente a TV’s ou PS’s) e Compensação (o constante sim a tudo).

3. Um Caminho Possível:

3.1. Um Sistema Educativo que respeite a divergência humana ensinando não a pensar de uma forma mas a pensar da sua forma, e que transmitindo valores comuns, satisfaça as suas necessidades diferentes de conhecimentos e métodos de ensino, potenciando a sua formação como trabalhadores, mas principalmente como cidadãos capazes de ter iniciativa social, tomar decisões e que sejam, durante toda a vida, sedentos de conhecimento.

3.2. Uma menor carga horária laboral mesmo que isso signifique um menor rendimento da família, passando-se de uma necessidade consumidora quase constante para uma necessidade de contacto e união humana potenciada pelo maior tempo das famílias para os seus descendentes e ascendentes. Tempo este que pode também potenciar o convívio, comunicação e contribuição com, para e em Sociedade.