quinta-feira, dezembro 14, 2006

Adaptações de livros ao cinema

Considero que é preciso ter coragem para um realizador pegar num livro, principalmente se for de sucesso, e transforma-lo num filme. Mas é preciso também uma grande dose de talento para fazer de um argumento de qualidade comprovada um filme que não desiluda aqueles que leram e gostaram do livro. Isso aconteceu no caso da trilogia do "Senhor dos Anéis", mas nem tanto com os primeiros filmes da série do "Harry Potter" o que levou a uma constante troca de realizador.
Esta semana tive a hipótese de ver a adaptação de mais dois dos meus livros preferidos: "O Perfume" de Patrick Suskind e o "Eragon" de Christopher Paolini. De todos livros que li tenho de confessar que "O Perfume" era aquele que menos pensei que pudesse ser adaptado. Principalmente pela grande importância dada a um sentido que dificilmente pode ser transposto para efeitos visuais... o odor. Por isso o anúncio deste filme, desde logo despertou em mim uma grande curiosidade. Como será que iriam fazer para transpor todas as ideias fulcrais do livro para o grande ecrã? Curiosidade satisfeita... Apesar da extrema dificuldade, Tom Tykwer consegue ser fiel ao livro, representando todos os grandes momentos com uma intensidade contagiante, mesmo recorrendo a uma narrativa quase constante que explora os momentos de menor interacção e de maior solidão de Jean-Baptiste Grenouille (que são imensos no livro), completando assim toda a informação que seria impossível fornecer de outra maneira. Parabéns então ao seu realizador Tom Tykwer!
Já o segundo vi-o hoje e tenho de dizer que um livro que tinha grandes possibilidades de vir a dar um grande filme, não sendo muito difícil de realizar ao contrário do anterior, sofreu um grande atentado. Caso tivesse sido realizado sem ter tido como base o livro "Eragon" podia ser considerado um bom filme, sem ser no entanto nada de especial, mas podia ser um filme agradável. Poderá se-lo ainda assim para todos aqueles que o vejam sem ter lido o livro. Mas não assim... Todos aqueles que gostaram do livro sairão da sala de cinema muito decepcionados. Do filme apenas restaram os nomes das personagens e uma muito ténue linha de orientação da história. Tudo o resto foi esquecido ou transformado. Péssimas caracterizações das personagens das quais apenas se safam o próprio Eragon (apesar de não ser nunca um Argetlam, ou mão de prata pois a cicatriz que resulta do primeiro toque no seu Dragão não é prateada), Brom e Galbatorix (que não tem nenhuma aparição directa no livro mas tem no filme bastantes minutos...). Ridícula a caracterização dos Ra'zac, que apesar de serem medonhos são apenas um ser semelhante a um insecto e conseguem, no livro, ser criaturas capazes de passar disfarçadas no meio dos humanos sendo este o seu método de caça, e são aqui representadas como seres formados por inúmeros insectos e sem o capuz que lhes escondia a cara não sendo por isso capazes de se infiltrar numa cidade fazendo perguntas como acontece no livro. Também os urgals são muito mal caracterizados, não sendo os seres grandes com cabeça de animal, corpo peludo e cornos de carneiro, mas apenas homens grandes e feios. Arya não é no livro a elfo simpática e que faz carícias a Eragon no filme, mas sim uma elfo dura e que já passou por muitas amarguras na vida e que, sendo cordial, não é de todo o ser frágil e submisso que parece no filme e apesar de ser simpática para Eragon nunca o foi da maneira que aparece. Também ninguém que tivesse lido o livro diria que a feiticeira Ângela é uma bela jovem e atraente, pelo contrário, sendo já alguém com alguma idade.
E não nos ficamos por aqui. A história é toda ela deturpada desde o crescimento mágico de Saphira (já agora ela devia ser mais escura), ao facto de os Ra'zac não destruírem a quinta de Garrow (tio de Eragon) apenas o matando e procurando já na altura pelo Eragon e não pelo ovo de Saphira, e muitas outras coisas pelo filme fora. Não é dada nenhuma relevância à aprendizagem de Eragon com Brom, chegando nós ao final convencidos que ele apenas sabe dizer Brisingr e mais uma ou duas palavras na Língua Antiga, e menos ainda à sua estada em Farthen Dûr onde a cidade anã Tronjheim não é de todo parecida com a maneira como é descrita no livro. Não é uma cidade esculpida num monte de mármore e já agora... o que foi feito dos anões que deviam habitá-la? Nem Orik, o companheiro de Eragon, nem Hrothgar, o seu Rei aparecem...
Neste caso não são os parabéns que temos de dar a Stefen Fangmeier mais sim o desejo que não seja ele a realizar o "Eldest" que está desde já comprometido por este filme no qual não aparecem personagens que serão essenciais no segundo como os mágicos traidores Gémeos, o mercador, e amigo de Brom, Jeod de Treim, cidade pela qual não passaram no filme e também pelo facto de ao contrário do que acontece no livro ele não ficar com uma cicatriz que lhe dificulta, pelas dores que lhe causam, a aprendizagem em Ellesméra, a cidade dos elfos, para a qual Arya queria levar Eragon e que depois de, ao contrário do que acontece no livro, esta ter partido sozinha para a sua terra natal ficamos sem saber como é que Eragon a encontrará...
Foi grande a minha surpresa no caso de "O Perfume" e maior a decepção no caso de "Eragon", o qual eu passei a abanar a cabeça não acreditando no rumo que o filme seguia.

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3 Comments:

Blogger Pantera said...

Não tive tempo p ler o texto, mas só pelo título dou-te a minha opinião: ODEIO.
Obrigado pelos coment's meu querido, e sim a paixão e amor andam no ar...

26/1/07 19:14  
Blogger Lux Caldron said...

Eu não odeio...apenas axo k têm de ser mto bem feitas para ñ decepcionar aqueles k leram os livros.e ainda bem k o amor está no ar,ñ se esqueção de me convidar para o casamento...

26/1/07 19:43  
Blogger Pantera said...

Meu querido, obviamente que convidamos! Daqui a alguns aninhos... Largos! Eheh.

Beijocas!

23/2/07 20:42  

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