O Pior Português de Sempre

Acabei o último post deixando a ideia de que o pior português não era António Salazar mas sim um outro que ainda estaria para aparecer... Pois bem aqui segue o prometido post em que explicarei quem é e porque razão é para mim o pior português de sempre.
Nasceu em Lisboa a 20 de Janeiro de 1554 e foi-lhe entregue a coroa tinha ele 3 anos após a morte de seu avô, quando o reino ainda se encontrava no auge após os descobrimentos. O pai tinha morrido antes do seu nascimento com apenas 17 anos. O trono foi regido pela Rainha viúva até ele obter a maioridade o que aconteceu aos 14 anos. Passava o tempo "por caçadas, exercícios religiosos e leitura de livros de história. Adorava desafiar o perigo." Era tido como louco e destemido mas infelizmente não era apenas louco era também burro, muito burro. Nunca casou, apesar dos conselhos da corte, e como tal não tinha filhos. Tinha um fascínio pela guerra e era principalmente nisso que centrava a sua atenção.
Após cerca de 10 anos da sua regência decide mudar a política de expansão portuguesa. Considerando que as rotas comerciais e o Brasil já não rendiam o suficiente decidiu apontar as suas armas para o norte de África, satisfazendo assim o seu gosto pela guerra. E assim fez. Em 1578 seguia todo o exército português para Marrocos.
Acontece que os cerca 18 mil homens, distribuídos por nobres, mercenários estrangeiros e simples camponeses, era muito inferior à força que iriam encontrar. Citando a biografia elaborada pela RTP para o programa "Os Grandes Portugueses" ele "viajava munido da espada de D. Afonso Henriques e de uma coroa de ouro que pensava usar quando se proclamasse imperador de Marrocos. Os soldados, por sua vez, envergavam as mesmas roupas que usavam na Europa - o calor abrasador do Magrebe, em pleno Agosto, iria arrasá-los. Ainda para mais, o rei português preferiu desembarcar em Tânger - em vez de em Larache, mais próximo da praça de destino - e seguir por terra. Quando chegaram a Alcácer Quibir, as tropas encontravam-se já famintas e esgotadas. O final da contenda estava à vista e não tinha ainda sequer começado." Quando encontraram o exército mouro foram simplesmente dizimados.
D.Sebastião, como já repararam é dele que falo, ignorou um princípio básico de qualquer líder, "não entres numa guerra que sabes que não conseguirás ganhar", e por isso não é louco mas sim burro. Ele nunca deveria ter ido para o norte de África onde se encontraria em terra estranha para combater um exército mais de 10 vezes superior e muito melhor preparado que o seu, deixando assim Portugal sem defesas, à mercê dos inimigos. Como não tinha ainda casado, apesar dos seus 24 anos, não tinha também herdeiros directos deixando o país numa crise de sucessão que acabou com o trono nas mãos de Filipe II de Espanha, e levando-nos a um longo período de submissão ao reino vizinho.
Mas isso ainda não é o pior de D.Sebastião. Acontece que nem para morrer ele serviu e não soube morrer decapitado à frente de toda a gente onde a sua cabeça pudesse ser trazida para Portugal para que todos soubessem que tinha morrido. Pelo contrário, limitou-se a desaparecer... O resultado foi o surgimento de uma esperança de que ele ainda estivesse vivo e a instalação no povo português de uma lenda segundo a qual ele retornaria numa manhã de nevoeiro... Ainda está para aparecer portanto. O sentimento de que ele voltaria um dia para nos tirar da crise perpetuou-se. As pessoas habituaram-se a dizer por alturas do reinado de Filipe I de Portugal (II de Espanha) que ele voltaria para retomar o trono e habituaram-se a nada fazer para alterar a sua situação. Considero-o portanto culpado daquele modo de estar dos portugueses que ainda hoje se mantém. "Isto tá tudo mal", diz o povo mas sem nada fazer para alterar a sua situação... Alguém há-de fazer alguma coisa por nós... Afinal de contas D.Sebastião ainda há-de aparecer numa manhã de nevoeiro...
A esperança de que D.Sebastião ainda há-de aparecer para resolver todas as crises é para mim o pior que podia acontecer a um povo que até ai tinha liderado o Mundo e por isso D.Sebastião é para mim o pior português de sempre!



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