Parabéns

Queria dar os parabéns ao Sporting e ao FC Porto. Ao Porto pela vitória inequívoca sobre o Hamburgo que ainda que não esteja a fazer uma época brilhante é sem duvida uma equipa de qualidade dum campeonato muito competitivo. Ao Sporting pelo jogo que efectuou frente ao campeão desse mesmo campeonato. É certo que não venceu o jogo mas bateu-se de igual para igual frente a um adversário com um orçamento maior, com jogadores de qualidade internacional e que ainda não perdeu, ou sequer empatou, nesta edição da Liga dos Campeões.
O Sporting cometeu alguns erros mas teve uma grande reacção ao golo sofrido. Conseguiu ter manter a calma e não desesperar entrando num jogo de coração. Pelo contrário, manteve a cabeça fria e lutou até ao fim por dar a volta ao resultado. Não conseguiu mas não foi por falta de oportunidades.
Depois do golo o Sporting conseguiu controlar o jogo e encostar um ex-campeão europeu desta década às cordas e manter a pressão não conseguindo marcar graças a uma excelente exibição de Oliver Kahn. O melhor jogador do mundial de 2002 fez defesas de grande qualidade a vários remates dos jogadores do Sporting.
Registou-se uma grande primeira parte com muitas oportunidades de golo de parte a parte com um futebol de ataque capaz de deliciar o mais exigente dos adeptos. Já a segunda parte desceu de nível pela dureza do jogo alemão que levou à expulsão de Schweinsteiger e à substituição de Ottl, podia ainda, se o árbitro fosse mais rigoroso, ter levado à expulsão de Van Bommel que fez inumeras faltas mas apenas levou um amarelo perto do final. E também pelo recuo do Bayern que prescindiu do ataque preferindo aguentar a vantagem.
Queria realçar também o grande jogo que fez Tello. Um jogador que é constantemente criticado e tido como um jogador de baixo valor, nunca o foi para mim sendo um valor inestimável quer pela sua capacidade de fazer várias posições quer pela regularidade que apresenta quando é chamado a jogar mesmo não tendo grande ritmo de jogo. É um jogador que mesmo não fazendo grandes jogos nunca compromete a equipa mesmo quando joga fora da sua posição habitual(médio centro) e numa posição em que os seus erros poderiam ser perigosos (defesa esquerdo). Neste jogo Tello defendeu bem atacou melhor, efectuando vários remates perigosos e passes de boa qualidade.
Já agora, uma palavra de congratulação à minha Naval que está a fazer um excelente início de época estando apenas a dois pontos do topo, dando assim uma "bofetada de luva branca" a todos aqueles que a davam como equipa que desceria sem duvida (assim como no ano passado). Não continuarão com esta performance até ao final mas mesmo assim com um quinto do campeonato realizado têm já uma vantagem de 11 pontos em relação à linha de água, o que lhes dá uma boa segurança para alguns deslizes que possam ocorrer com adversários directos.
Espero que a Naval continue assim, que o Benfica recupere na Liga dos Campeões e que ainda vá a tempo de passar a fase de grupos (e que o Porto e o Sporting também o façam).

Como é possivel?

Pela segunda vez nesta fase de qualificação fiquei extremamente revoltado com a atitude do nosso seleccionador perante o jogo. Como é que é possível que uma equipa que é vice campeã da Europa e quarta classificada no Campeonato do Mundo encare jogos contra equipas da categoria da Finlândia e Polónia para um empate? Para estes jogos, mesmo que podendo ser dos mais complicados desta fase, Portugal tem de entrar sempre para ganhar. Podem-me dizer que ele apenas colocou como objectivo o empate para retirar pressão aos jogadores antes do jogo. Tudo isto seria correcto se a atitude dele perante o jogo fosse de ambição. Não se admite um meio-campo com dois trincos puramente defensivos de início, ainda para mais entrando de início um Petit que ainda não realizou um único jogo ao nível que pode durante esta época (e mesmo durante o final da passada).
Portugal entrou neste jogo sem agressividade nenhuma deixando os polacos à vontade para passar a bola entre eles sem que nenhum jogador português os atrapalhasse. Portugal entrou com uma mentalidade defensiva (objectivo empate só pode dar nisto) e para mais a defender muito mal. Ora vejamos: jogaram com defesa alta dando espaço aos polacos para efectuarem ataques rápidos para as costas da defesa aproveitando o espaço entre esta e a grande área. Das duas uma: ou jogavam recuados tentando tapar todos os caminhos para a baliza ou defendiam à frente sim mas fazendo uma zona pressionante que não deixasse os polacos trocarem a bola para onde queriam mas sim para onde podiam, ou seja para trás.
Isto foi o que a Polónia fez. Pressionou sempre o homem da bola nunca lhe dando espaço para avançar com qualidade. Para além disse estavam, ao contrário dos portugueses, sempre muito bem colocados no campo. A atacar eram sempre muito objectivos no passe sabendo sempre o que queriam e onde queria a bola, com movimentações rápidas a aproveitar bem os espaços deixados pela defesa de Portugal.
Se a estes erros colectivos juntarmos os muitos erros individuais temos como resultado uma exibição desastrosa. Ao contrário do que disseram de imediato alguns não atribuo a culpa do primeiro golo ao Costinha. Ele fez o que se lhe pedia ao fechar pelo meio o caminho do jogador que entrava na área pela esquerda da defesa portuguesa. Caso isso não acontecesse ele teria espaço para entrar para o meio e rematar. A culpa é sim de quem devia fazer a compensação e acompanhar o jogador que aparece no primeiro remate à entrada da área, ou seja o outro médio de pendor mais defensivo, ou seja Petit. No segundo as culpas têm de ser repartidas entre os dois centrais. Ricardo Rocha foi a uma área de acção que não era a sua mas sim a de Costinha, e pior, falhou o corte. Depois Ricardo Carvalho teve uma atitude incompreensível para um dos melhores centrais dos Mundo, hesitando entre acompanhar o jogador que estava à sua esquerda e ir ao encontro do jogador com bola. Fez o pior na minha opinião que foi ir ao encontro da bola deixando livre de oposição e isolado o outro jogador quando o portador da bola teria de seguir pela direita de Ricardo Carvalho para a posição onde se encontrava Miguel que lhe poderia fazer oposição.
Muitos outros erros poderiam ser analisados pois muitos outros erros aconteceram e só não deram mais golos por acaso, mas vou voltar ao tema Scolari. Sendo um treinador que nada tem a provar tem no entanto de receber as criticas que merece assim como os elogios. Já falei da opção por Petit que achei incorrecta mas centrar-me-ei agora nas opções no decorrer do jogo. Assim que Portugal se viu a perder, e tendo em conta a total ausência de controlo no meio-campo, não seria o caso de fazer uma substituição imediata que permitisse manter e controlar melhor a bola, entrando Tiago, Maniche ou até (mais arriscado mas ainda assim viável tendo em conta o resultado) Nani? Porquê sair Costinha e não Petit (eu sei... já parece perseguição) tendo em conta que este não teve uma única acção positiva no encontro? Porquê entrar o Nani (o único jogador de características realmente ofensivas que se encontrava no banco) só a 25 minutos do fim quando Portugal se encontrava a perder por 2-0 desde os primeiros 20 minutos de jogo?
Em conclusão, a Polónia atacou melhor, defendeu melhor, deu uma lição de organização a uma equipa que pelo que já vimos noutras épocas tinha obrigação de a ter e mereceu totalmente a vitória perante um Portugal desnorteado. Resultado que a ser injusto seria para a Polónia que merecia bem mais que uma vitória por 2-1.