Na edição de ontem (23/11/2007) de "A Bola" foi publicada uma carta aberta do seu director Vítor Serpa dirigida ao Seleccionador Nacional de Futebol que achei bastante pertinente, após as constantes irritações deste perante perguntas legítimas e oportunas de jornalistas, mas que muita gente fazia constantemente. Como já o disse aqui Scolari tem de receber os elogios que lhe são devidos mas também tem de viver com as criticas quando comete erros, e nesta qualificação ele cometeu bastantes...
Passo a citar algumas partes dessa carta aberta:
"Parabéns pela qualificação da Selecção portuguesa para a fase final do Europeu 2008"
"Independentemente do que se passar daqui para a frente, há certeza de que o nome de Felipe Scolari ficará na história do futebol português ... E por isso devemos estar gratos. Porque o povo português é justo e sensível aos que lhe abrem horizontes e vontades"
"... em nome de um futuro de continuado sucesso da selecção, que será bom, será, mesmo, essencial que o senhor se interrogue .... se sente suficiente entusiasmo para continuar a ser o seleccionador nacional"
"... e, assim, admitir o dever de saber conviver com os portugueses e com a sua cultura, ou se está farto desta sua vida, que a nós, por vezes, parece, de facto, principesca e privilegiada, mas que a si, pode, apenas parecer uma existência saturada e uma missão esgotada"
"Não vem mal ao mundo que o seu destino da Selecção Nacional se esgote aqui..."
"Não seria justo, por parte dos portugueses, violentá-lo numa espécie de sentimento de obrigação de continuar, se não for essa a sua mais séria vontade.
Portugal terá tempo de encontrar soluções e o senhor pode despedir-se em beleza"
"Claro que o senhor poderia desejar continuar a ser seleccionador de Portugal sem portugueses, ou, mais preciso, sem jornalistas portugueses. Mas isso, como o senhor sabe, é impossível. Poderia ainda, ... pedir a sua excelência Presidente do Conselho de Ministros que fizesse uma adenda ... no sentido de evitar que os jornalistas exercessem a sua função de comentar, opinar e, sobretudo, perguntar. Mas esse é um tempo que apenas nos faz pesar na memória o povo que fomos e acredite, não é previsível que volte."
"Ao vê-lo perder a cabeça com perguntas do género: «porque acha que a selecção não se qualificou com mais brilhantismo?», não posso deixar de lhe dizer que a única justificação plausível é a de que está farto de aturar os portugueses, ... , mesmo que não esteja farto da sua vida simpaticamente calma ao sol de cascais."
"... apesar do muito que faz pela Selecção, a Selecção pode passar sem Scolari, Portugal é que não pode passar sem portugueses. Ou o senhor se conforma com isso, ou diz-nos adeus ..."
"Mas pode ainda optar por prosseguir. Mas, se assim for, e oxalá que assim seja, não vejo outro modo que não seja o de respeitar a função e a missão dos jornalistas. Tem o direito de não os amar, e a parte boa é que não precisa de pedir nenhum em casamento; a parte má é que os jornalistas vão continuar a fazer perguntas e a querer ouvir respostas, ... , por suposta e admissível curiosidade do povo, que a si mesmo tem dedicado suficientes provas de consideração e estima."
"Continuar ou não continuar, eis a questão que só o senhor poderá e deverá responder."
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